IDEIA E RITMO NA POESIA DE JUNQUEIRO

Por

 Júlio Amorim de Carvalho

[CONFERÊNCIA PRONUNCIADA, A 18 DE JUNHO DE 2016 NO ATENEU COMERCIAL DO PORTO PARA CONCLUIR A JUNQUEIRIANA – CICLO DE TERTÚLIAS SOBRE GUERRA JUNQUEIRO ; E REPETIDA, A 18 DE OUTUBRO DO MESMO ANO NO AUDITÓRIO DA FUNDAÇÃO MARIA ISABEL GUERRA JUNQUEIRO E LUÍS PINTO DE MESQUITA CARVALHO NO PORTO, A PEDIDO DE MARIA INÊS DIOGO COSTA, PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO]

 

A poesia metrificada de expressão portuguesa é, pelo que sei, uma das mais belas criações artísticas da humanidade. Nessa poesia ritmada – de temática muito diversa e de desigual valor – emerge uma criação poética que atinge o expoente máximo: é a poesia de pensamento. Ora, por esta mesma expressão – de pensamento –  já se considera que poesia não pode ser, como dizia Verlaine ilegìtimamente: música antes de tudo. Poesia é, antes de tudo, ideia. Mas ideia em idealidade (como a definiu lapidarmente Amorim de Carvalho). Poesia de pensamento (e também como escreveu Amorim), poesia de pensamento é essa que (em contínuas ou vastas formas poemáticas, de profunda e larga ideação) reflete as eternas inquietações humanas e universalistas, e em que a poesia fica ìntimamente ligada a este pensar para atingir ressonância épica ou filosófica duma concepção do mundo e da vida, conferindo aos poemas (pelos temas e pelas teses de universalidade humana) o sentido duma poesia mundial. Na língua portuguesa, realizaram, efectivamente, essa poesia de pensamento, cinco poetas – por isso os maiores – (embora, cada um deles, com suas características conceptuais e formais próprias). São eles (para retomar teses que tenho sustentado), são esses poetas maiores: Camões, Antero, Junqueiro, Pascoaes e Amorim. Ora, dos cinco poetas citados, quatro deles (Antero, Junqueiro, Pascoaes e Amorim) vão caracterizar o período áureo da poesia portuguesa que é esse que eu denominarei de século poético português que se estende desde os meiados do século XIX (início da obra poética de Antero de Quental) até à morte de Amorim de Carvalho (nos começos do último quartel do século XX). É nesse grande – e longo – século poético português que surge a que se convencionou chamar de Escola de Coimbra superiormente representada por Guerra Junqueiro. Foquemos Junqueiro, que é a personalidade especialmente hoje evocada...

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Ideia e ritmo na poesia de Junqueiro